domingo, 29 de maio de 2011

Depoimento da Profa. Valeria de Oliveira

Familiares, Professores, Pesquisadores, Companheiros,

Vejam o que a Dra. Mantoan pensa sobre nós que não aceitamos o que ELA e um Grupo Político Partidário chamam de INCLUSÃO!

Ela diz, publicamente, que somos
MANIPULADORES, SEGREGADORES e ASSISTENCIALISTAS.
Ela afirma que faz parte de um EXÉRCITO!

Não desejamos travar nenhuma batalha, só clamamos pela PAZ e pelo direito de escolha das famílias e das pessoas com deficiência!

Eu sei de que lugar eu falo:
Sou MÃE de uma criança SURDA PROFUNDA!
Sou PROFESSORA!
Sou PESQUISADORA!
Sou MILITANTE e luto pelos direitos das pessoas com deficiência!
Sou CIDADÃ!
Não sou manipulável!
Não falo de um laboratório, nem de um gabinete frio e indiferente!
Não ocupo nenhum cargo político!


Então,

Pergunto aos senhores e senhoras:

Por que estas pessoas usam a legislação para tentar fazer da escola um lugar que não respeita as diferença e trazer para as salas de aula regulares surdos, cegos, paralisados cerebrais, deficientes intelectuais, todos "juntos e misturados"?

Esta alternativa na dará conta da complexa tarefa de levar a educação àqueles que têm especificidades tão particulares que necessitam de práticas pedagógicas tão singulares quanto suas necessidades educacionais especiais?

Será que estas pessoas realmente acreditam no que falam e defendem?

Será que elas gostariam que fizessem isso com seus familiares?

Será que não conseguem perceber que o que se aplica para uma pessoa específica, nem sempre se aplica a outra?

Pensar a educação de pessoas com deficiências não é a coisa mais simples e fácil do mundo!

Vejamos o que diz a constituição:

Os princípios da presente Convenção são: O respeito pela dignidade inerente, independência da pessoa, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e autonomia individual. A não discriminação; (...) o respeito pelas capacidades em desenvolvimento de crianças com deficiência e da diversidade humana e respeito pelo seu direito a preservar sua identidade. (Convenção, 2007, art. 3, p.31 que a partir do DL 186/2008 é incorporada à constituição – grifo meu)

Posto que a Convenção/Constituição garante que o primeiro direito a ser respeitado é o de escolha, precisamos entender o que é específico para cada aluno com deficiência, segundo suas especificidades. Com relação aos DV visuais e Surdos indago: Quantos professores das unidades do Colégio Pedro II estão Formados para receber estes alunos? Quem é proficiente em LIBRAS? Sabe Braille? Acessa ferramentas e softwares leitores de tela? Alguém domina as técnicas de elaboração de materiais adaptados com texturas, tamanho e formas diversificadas, contrastes, e outras? Quanto tempo levará para que essa e outras escolas sejam capazes de cumprir seu papel de Unidade Escolar / Instituição de Ensino? Como apontar caminhos para os professores ensinarem Matemática, Português, Geografia, História, Inglês, de forma não fragmentada, para o aluno com deficiência de todos os níveis de ensino? E a formação para o Atendimento Educacional Especializado (AEE)? (Silva, 2011 - texto apresentado ao Jornal Eletrônico Educação & Imagem - UERJ)

Alguém conhece algum hospital que primeiro mata os pacientes para depois pensar na formação do médico/cirurgião?

É comum primeiro medicar toda população para depois aprovar o medicamento?

Primeiro saltar do avião para depois saber se o paraquedas funciona?

Mas a proposta da Dra. Mantoan e do grupo que ela representa oficial e publicamente no documento abaixo é primeiro jogar os alunos com deficiência no abismo da indiferença, depois o MEC vê como fica a formação docente e outros pequenos detalhes!

Enquanto isso, as ocorrências são mascaradas (a sujeira fica escondida e todos pisam o tapete), cursos a distância são oferecidos com "material didático" desatualizado. Os professores recebem um pacote pronto e dão como retorno para "avaliação" parte dos textos que recebeu! Uma forma de tornar legal a certificação!

E a prática? E o cotidiano escolar desses alunos? O MEC diz que será na prática da "inclusão" que os problemas serão resolvidos! (Ou seja, depois que o paciente tiver morrido, providenciaremos um curso de medicina/especialização para quem tiver tentado cuidar dele!)

Enquanto isso... Os segregados serão os alunos com deficiência que permanecerão em espaços estranhos e hostis para eles.

EU NÃO QUERO MINHA FILHA HUMILHADA EM ESPAÇOS ELITIZADOS ONDE OS FRACAÇADOS SÃO, INCLUSIVE, JUBILADOS!

Vale ressaltar que não sou contra a Inclusão, mas não aceito esta forma político-partidária que trata nossos alunos, amigos e filhos como qualquer coisa que pode ser posta em qualquer lugar!
Chamar de Inclusão o que estão propondo é considerar que somos tolos a ponto de não perceber o quanto estão querendo economizar! E para onde vai esta verba? É muito mais lucrativo pagar "centavos X dois" por aluno com deficiência do que manter profissionais que os prepare para a vida acadêmico/profissional.

Valeria de Oliveira

Um comentário:

  1. Professora Letícia Lopes31 de maio de 2011 às 10:16

    Oi Val, já havia recebido o e-mail da Maria Teresa e ficado estarrecida, mas seus comentários colocam cor especial no debate. Parabéns pelas observações peculiares somente àqueles que têm a sua vivência no contexto da "Educação Especial".

    Para tentar fazer minha parte também, propus um trabalho na escola em que trabalho (Colégio Santo Antônio - DC) em que os alunos pesquisarão a respeito do processo de educação de crianças com variadas necessidades especiais.

    Uma das indicações é o Rompendo Barreiras. Indiquei o site, mas ele se encontra em construção. Como podemos ouvir o Rompendo Barreiras? Pensei em dar seu e-mail para que eles postassem suas perguntas. Infelizmente esta escola é muito reticente quanto ao convite para pessoas de fora palestrarem junto aos alunos, mas não impede que você apresente a sua opinião junto ao grupo de alunos que estarão ouvindo o Rompendo Barreiras. Outros grupos trabalharão com o INES e com o Benjamin Constant.
    Então, minhas crianças podem mandar e-mail para você?

    Professora Letícia Lopes
    Colégio Santo Antônio
    Duque de Caxias

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